quarta-feira, novembro 29

Talvez

Compreende-se que quem proclama não haver mais nenhuma solução [além da despenalização do aborto], mas nada faz para que haja, proclame também que antes das dez semanas não há vida humana. O que há então?
Em todas as campanhas do aborto, e já vamos na terceira, há sempre momentos em que a intolerância dos exaltados vem ao de cima. Do lado do "sim" no próximo referendo, o texto de Madalena Barbosa "A prisão e o aborto" (PÚBLICO, 22/11/06) é um desses momentos. Não vou perder muito tempo com os impropérios da autora, "especialista em igualdade de género" (novo título, ao que parece, das feministas radicais de sempre). Lembro apenas a insinuação grotesca de que "os movimentos pró-vida têm boas estratégias, importadas talvez dos Estados Unidos, onde usaram o terrorismo para tentar acabar com os direitos das mulheres" através de "centenas de atentados bombistas e assassinatos". Seria matéria para os tribunais e não para os jornais. Mas os argumentos em defesa da liberalização do aborto merecem resposta, sobretudo por serem tão repetidos. Comecemos pelo princípio. "O aborto é mau" e quem o faz "renuncia por vezes a uma criança que até desejaria ter, se pudesse". Mas não pode porque, com filhos, "não arranja emprego, não progride na carreira, vai trabalhar mais por menos remuneração, não tem casas apropriadas, não tem creches, não tem tempo para estudar, não pode fazer os horários extraordinários que agora exigem aos técnicos licenciados". Sabendo embora que há mais mulheres do que as licenciadas, concordo inteiramente. Vejo tudo isso em minha casa. O que eu não vejo é a mesma energia por parte dos defensores do "sim" para combater os males que tão oportunamente denunciam. Não conheço estudos de "especialistas em igualdade de género" sobre a discriminação das mães no mercado de trabalho. Não recordo nenhuma iniciativa legislativa dos partidos que propõem a liberalização do aborto para diminuir o IRC sobre as fraldas. Não vislumbro a mais leve preocupação do Governo em cobrir o país com uma boa rede de escolas e maternidades. Pelo contrário: só vislumbro a óbvia solicitude em fechá-las, ao mesmo tempo que anuncia ir comparticipar abortos em clínicas privadas. Para estes paladinos dos direitos das mulheres, o aborto é a única solução, o anticonceptivo que nunca falha. Nada mais têm a oferecer-lhes além do "aborto nas primeiras dez semanas, quando a vida humana ainda não o é".Compreende-se que quem proclama não haver mais nenhuma solução, mas nada faz para que haja, proclame também que antes das dez semanas não há vida humana. O que há então? Vida piscícola, já que o feto vive dentro de água? E por que súbito milagre, decretado pela Assembleia da República, passa a haver vida humana depois das dez semanas? Estes malabarismos conceptuais mostram bem o que procura o "sim" no referendo: a liberalização do aborto e não a sua despenalização. Leia-se a pergunta que vai a votos. As únicas condições para permitir a prática de aborto até às dez semanas são a "opção da mulher" e a realização da cirurgia "em estabelecimento legalmente autorizado", público ou particular. O aborto passa a ser totalmente livre e, mais do que isso, um negócio subsidiado pelos nossos impostos.No intuito de desviar as atenções de coisas tão óbvias, os defensores da liberalização costumam invocar o aborto clandestino, por um lado, e as "marcas psíquicas de uma gravidez forçada", por outro. Omitem, porém, as marcas - psíquicas e não só - que um aborto, clandestino ou legal, deixa sempre nas mulheres. E omitem que em todos os países que abriram as portas à liberalização o número total de abortos aumentou exponencialmente. Há hoje uma alarmante quantidade de dados empíricos que provam isso.E isso é o que devemos discutir, não os "talvezes" delirantes de uma "especialista em igualdade de género". Quando o nível desce da inverdade dos factos para a calúnia das pessoas, já não é o aborto, ou a vida, ou os direitos das mulheres que estão em causa, mas a mera possibilidade de convivência democrática. Talvez Madalena Barbosa não queira esse debate. Talvez não queira a liberalização do aborto, mas a do insulto. Talvez queira apenas eliminar a diferença - primeiro a de género, depois a de opinião.Talvez.

(Pedro Picoito Apoiante da Plataforma Não Obrigada e membro do Blogue do Não)

quarta-feira, novembro 22

A Morte

Poderá parecer estranho que num espaço dedicado à vida se fale da morte. No entanto quando se fala de uma IVG, fala-se de um acto que vai levar à morte de um ser vivo.

Os que defendem esta estranha maneira de matar, parece que querem afirmar que é natural que os outros morram, mas gostava de saber se quando pensam na sua própria morte, não acham que é um bocado forte. No entanto, matar uma criança com 2,5 meses de idade não lhes parece mal.

Enganar: a forma mais vil da mentira, a ruptura mais cobarde dos laços de camaradagem entre os seres humanos… e neste processo de constituição deste referendo há uma grande mentira: querem legalizar uma prática que leva a morte de seres vivos que são crianças indefesas.

Não devemos ter medo dos revezes. No primeiro referendo a população portuguesa soube dizer que NÃO ao Aborto. Porque será que vai mudar de opinião? Um coração sincero esta mais próximo da verdade que o mais dos enriquecidos dos cérebros.

A Decisão...

Aguarda-se com alguma expectativa mas estamos conscientes de que o resultado mais provável é a assinatura, pelo nosso Presidente da República, da aprovação de um novo Referendo sobre o Aborto.
Muito se tem questionado sobre a oportunidade politica e social de se lançar este tema na sociedade portugesa. Para muitos, o resultado do último referendo é suficientemente esclarecedor para que não exista a necessidade de se efectuar outro com um espaço de intervalo tão curto. Para outros, as circunstâncias sociais mudaram e foram feitas promessas politicas sobre este assunto... há que concretizar a promessa!

Numa sociedade democrática temos que aceitar que existem pessoas que querem debater este tema de modo alterar a lei actual mas, paralelamente, também é preciso aceitar a opinião daqueles que não são favoráveis a que a lei seja mudada.

Acontece que um referendo tem especificações próprias que o enquadram numa situação diferente da de um simples acto eleitoral. Em Portugal, o referendo é um instrumento de democracia directa através do qual os cidadãos eleitores são chamados a pronunciar-se por sufrágio directo e secreto, a título vinculativo, sobre determinados assuntos de relevante interesse nacional, mediante proposta da Assembleia da República, ou do Governo, ao Presidente da República que decide da sua realização (pt.wikipedia.org/wiki/Referendo).

Faz todo o sentido que a sociedade civil se organize e que lute pelas suas ideias, sempre no respeito mútuo pela diferença. E, também é importante que cada cidadão, através dos meios que lhe são proporcionados, defenda as suas ideias acerca do tema em debate. Por isso criei o "Sentir a VIda!". É a minha contribuição para participar no debate/campanha sobre a IVG.

Para que não existam dúvidas, sou português, maior de idade, casado e com formação a nível superior. Sou católico convicto e praticante... e amo a vida incondicionalmente.

Espero, a partir de hoje, e durante o tempo que durar este debate, apresentar as minhas reflexões pessoais, opiniões de peritos e imagens que nos possam ajudar a esclarecer melhor o que está em jogo neste referendo: a vida humana!